Na nossa super planilha orçamentária com milhares de abas temos uma
tabela específica chamada “Atividades Extras”. Ela é até que pequena, tem 4x10
células em dimensões excelianas, mas é basicamente lá que estão concentrados
todos os nossos sonhos mais ousados: mergulhos, safaris, expedições para
lugares inóspitos. E um passeio de balão, claro, sonho romântico antigo do
casal.
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Os balões sendo preparados no nascer do sol. |
Ou seja, ali listamos todas as extravagâncias orçamentárias que
representavam uma experiência once in a
life time mas que, sem dúvida, estavam fora dos nosso padrões de gasto. Foi
aí que, numa das vivências mais lindas de carinho e gratidão que já tivemos dos
nossos amigos e familiares, todo mundo resolveu embarcar junto nessa viagem.
Compartilhamos este sonho com pessoas queridas e, em pouco tempo, elas estavam
apostando com a gente que iria dar certo e investindo numa felicidade que além
de nossa, era também de todo mundo.
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Uma das coisas mais gostosas foi ver cada um construindo parte da
volta ao mundo com a gente e sonhando cada passeio junto com o casal, como se
efetivamente estivesse lá – e estão, em todos os momentos. No caso do vôo de balão,
foi muito especial. Nossos padrinhos de casamento Duda e também a Fá e o Paulo
foram categóricos na escolha: queriam que a gente vivesse uma experiência
inesquecível sobrevoando de balão paisagens lindas. E, como todos os outros, recebemos
este presente com um sentimento de gratidão que não cabe no peito.
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Foi nesse sentido que o passeio de balão foi carregado de emoção e
boas energias, além de um certo grau de ansiedade que toda primeira vez leva em
si. Honrando nossos amigos, escolhemos a melhor empresa da região, a Butterfly,
que segundo os próprios donos de agência de turismo, não tem nem comparação em
qualidade com as outras – e nós acreditamos. E veja, para um casal bastante
cético sobre as coincidências da vida, estamos começando a acreditar piamente
que o as vezes universo conspira em favor da beleza.
Como já falamos no post anterior, o Ivan quase não cabia em si de
tanto frisson pela possibilidade de poder fotografar a Capadoccia com neve. Mas,
em tratando-se de um fenômeno natural, estávamos tentando (sem muito sucesso)
controlar as nossas expectativas. Foi ai que, como em resposta a essa energia
positiva dos nossos amigos, nevou. Como num passe de mágica, um céu cinzento e
uma garoa fina que até desanimavam o fotógrafo transformaram-se, no dia
seguinte, na combinação perfeita de um céu azul claro límpido e uma paisagem
inteira salpicada de neve fofa e branquinha. Quase não podíamos acreditar.
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Panorâmica do cenário dos balões. |
O dia do sobrevôo começou, ainda escuro, numa atmosfera de alegria e
excitação que aumentava exponencialmente em cada preparativo da subida. Chegamos
num campo aberto, forrado de neve, onde os três balões da empresa eram inflados
com ar quente e enormes ventiladores. Enquanto isso nós acompanhávamos a cidade
ser acordada pelo nascer do sol enquanto outros balões já pontilhavam o
horizonte num espetáculo único.
Depois de algum tempo, fomos convocados a subir na cesta de vime e
eu quase não cabia em mim de tanto entusiasmo. Ali de pé sentimos aos poucos a
força do ar quente nos puxando para cima, sem quase sentir o peso das dez
outras pessoas que estavam conosco. E quando começamos a ganhar altitude,
sobrevoando as formações rochosas, os rios e as estradas que nos separavam da cidade
lá longe, finalmente entendemos qual é a magia de andar de balão.
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O caminho para felicidade. Não acredita? Olha o vídeo abaixo! |
Andar de balão é como estar acordada num sonho. Não há descrição
melhor, ainda mais tratando-se de um sobrevôo na Capadoccia com neve.
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Lindo, não? |
Sentindo
o vento bater no rosto e com metade do corpo para fora da cesta de vime, a
sensação é de estar nadando no ar sobre uma imensa cadeia montanhosa toda
salpicada de branco fofinho.
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Cenário melhor, impossível! |
Nos nossos sonhos de gordinhos, isso seria
interpretado como um bolo gigante, recém saído do forno, todo polvilhado com
açúcar de confeiteiro* – e nós, é claro, estaríamos voando em cima dele. Voando
de balão naquele cenário nós estávamos vivendo esse sonho – e era realidade.
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Cadê o bolo? |
Não há vidros, cinto de segurança, motor nem nada. Ali em cima, um
silêncio que traduz da melhor forma a sensação completa de paz – e só é
interrompida pelo barulho forte das chamas.
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São dezenas de balões no ar toda manhã. |
Num mundo onde a viagem de avião
está se tornando cada vez mais banal, é fácil esquecer que estamos literalmente
voando quando dentro de uma aeronave, por conta do barulho constante das
turbinas, o ar condicionado reciclado e aquele mundaréu de gente espremida em
micro-assentos. Voando de balão a primeira coisa que você se dá conta e não se
contêm em falar em voz alta é: “eu estou
voando!”
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Hey Francis, let's fly! |
Não há leme. Basicamente não há como controlar aquele globo gigante
flutuando na atmosfera – por isso a necessidade de se fazer este passeio com
profissionais credenciados e empresas extremamente bem recomendadas.
O nosso
piloto nos explicou que para conseguir navegar é necessário subir e descer até
encontrar uma corrente de ar que sopre para alguma direção. Para fazer as
movimentações laterais, para sair do lugar, é necessário procurar um caminho e
confiar numa força que te conduza para algum novo destino. Mesmo sem leme,
mesmo sem certeza de onde se vai parar, é preciso confiar na sorte quando venta.
Lição de vida.
Na descida, depois de pouco menos de duas horas de deleite voando no
céu azul, fomos convidados a nos “encaixar” com nossos parceiros para deitar a
cesta para aterrisagem. Sacanagem ou não do piloto, foi divertido! Depois
disso, teve o momento turistada chique: fizemos cara de blazé quando a equipe abriu um espumante (as 8h20 da matina!) para
fazer a comemoração do vôo. Pra completar, ainda ganhamos um certificado todo
bonitinho por isso!
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Acho que trocaríamos o espumante por mais 15 minutos de vôo. |
Sobrevoar a Capadoccia com neve em um balão foi sem dúvida uma das
experiências mais marcantes desta viagem. Como tantas outras que tivemos por
aqui, tentamos sempre transmitir e (re)significar tudo isso que estamos vivendo
por aqui com as fotos e os relatos. Para isso, buscamos compartilhar a realização
deste sonho conjunto que carrega consigo as boas energias de muita gente
querida sem o qual nada disso seria possível. A todos os nossos familiares e amigos,
neste post representados pelos padrinhos Duda, Fá e Paulo, nosso eterno
obrigada por nos ensinarem a voar!
*Nota: na verdade eu pensei
especificamente num bolo lindo que a Paolinha Biselli faz que é exatamente da
cor das montanhas da Capadoccia e tem o açúcar de confeiteiro polvilhado por
cima, tal qual a neve. Saudades, lindona!