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Anfiteatro romano em Amman. |
Fizemos nossa primeira parada no Castelo de Shobak, uma antiga
fortificação cruzada já bastante desgastada pelo tempo e que não aparenta muito
mais do que um monte de ruínas.
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O castelo cruzado de Shobak, pura ruína. |
A parte interessante ficou por conta de uma
passagem secreta longa escondida no subterrâneo de um dos cantos do antigo
castelo – e é claro que nós fomos explorar. Com a valente lanterna do celular
(uma vergonha pra quem carrega na mochila duas lanternas de cabeça a prova d’água),
descemos passo a passo 375 “degraus” esculpidos no túnel subterrâneo que era um
breu só. O Ivan se divertiu em ver eu e minha mãe bastante desconfiadas, pra
dizer o mínimo, de tanto silêncio e escuridão até que chegamos à saída, por uma
espécie de chaminé/poço disfarçada na pedra. Ufa!
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Pena que o túnel era "infotografável" pois foi o que fez essa visita valer a pena. |
Quem assistiu e gostou do filme Cruzadas, com Orlando Bloom e Eva
Green, vai ter especial atenção para nossa próxima parada. O Castelo de Karnak
foi a residência oficial e militar de Reynald de Chatillon, um personagem
histórico que aparece no longa metragem e que, muito antes, já era famoso por
seu espírito sanguinário. Reza a lenda que o “fofo” tinha requintes de
crueldade com seus inimigos e prisioneiros – não dá nem pra descrever aqui o
tipo de tortura que este psicopata fazia. O cavaleiro cruzado que de nobre não
tinha nada, defendia a Terra Santa em meio a inúmeras disputas políticas para
conquistar mais terras e títulos. Ao perder uma batalha contra Salah al Din,
ele foi pessoalmente executado pelo general árabe (então amplamente conhecido
pelo seu alto grau de ética na guerra) como forma de punição pelas crueldades
que o francês havia cometido contra caravanas de civis e peregrinos. Amém.
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Muralha do grande castelo de Karnak. |
O fato é que a fortaleza ainda permanece no alto do morro e, mesmo
que bastante deteriorada, ainda olha com soberba todo o vale que a cerca. Sua
posição privilegiada fez com que resistisse a vários ataques e cercos de meses
sem que fosse invadida.
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Túnel dos cavaleiros. |
O complexo do castelo impressiona pelo tamanho e pelas
diferentes funções de cada edifício, entre estábulos, capela, aposentos nobres
e militares, cozinha, prisão, entre tantos outros. Apesar de ter sofrido muitas
modificações quando esteve sob domínio dos muçulmanos, ainda é possível
explorar cada ponto do castelo e, dizem, ouvir os gritos de desespero trazidos
pelo vento.
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Vista do alto da fortaleza. |
Chegamos ao nosso destino final, Madaba, onde aproveitaríamos para
passar algumas noites e explorar os arredores. Esta cidade turística é
conhecida pelos antiquíssimos mosaicos descobertos no chão das igrejas, onde
são retratados os primeiros mapas da Terra Santa. Nesta região também é
possível aproveitar os cafés e restaurantes que trazem bons representantes da
culinária jordaniana.
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Um dos mosaicos de Madaba. |
Como não tivemos a oportunidade de fazer este passeio em Israel
(muito frio!), aproveitamos para conhecer o Mar Morto – e foi divertidíssimo! Fizemos
tudinho como manda o roteiro: tomamos o banho de lama dos pés à cabeça, ficamos
“de molho” uma hora no sol para absorver os nutrientes e depois fomos brincar
de boia no mar.
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Criança feliz... |
Foi uma delícia, esse é o tipo de programa super turístico mas que
todo mundo tem que fazer. É diversão garantida pra qualquer idade! Não tem
jeito de entrar na água e não dar risada do quanto ela te joga pra cima. Em
poucos segundos você já está testando todos os tipos de posições que seriam
fisicamente impossíveis de fazer sem afundar numa água normal – ou seja: todo
mundo vira criança.
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Tá bonitchoooo! |
Madaba também é muito conhecida na Jordânia pela qualidade dos seus
mosaicos feitos com técnicas tradicionais que são usadas até hoje. Conhecemos o
processo artesanal de feitura das peças e também vimos itens lindíssimos – vale
a pena pra quem gosta deste tipo de arte.
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Tenda Beduína. |
Mais para frente ainda visitamos o
Monte Nebo, onde acredita-se que Moisés avistou pela primeira vez a Terra
Prometida. A vista é realmente muito bonita e rende boas fotos – ainda que não
tenhamos visto Jerusalém de lá, a gente acredita que o homem tinha uma visão de
longuíssimo alcance.
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O luxo dessa parte foi poder dirigir novamente. Gabi, pra não perder o costume, dorme. |
Depois de alguns dias de descanso, seguimos viagem para Aman. A
capital da Jordânia é uma cidade grande, bastante desenvolvida mas não
apresenta muitos atrativos para o turismo.
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Vista de Madaba da torre do sino da Igreja de S. João Batista. |
A Rainbow Street é conhecida pelos
seus cafés descolados, restaurantes de padrão internacional e lojas de design –
e é isso. Mas foi logo atrás do Anfiteatro Romano (que também é meio que só
isso), num cantinho despretensioso que o Ivan fez uma grande descoberta: uma oficina
de fabricação artesanal de facas e espadas.
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Zeyd afia faca. |
Os donos são os irmãos Zeyd que continuam o trabalho do pai com
maestria, uma faca ou espada de cada vez, chegando a armar até o Rei Abdullah -
feito que se orgulham demais. O irmão mais velho, que trabalha as lâminas
adorou encontrar alguém que valorizasse sua arte e fez questão de mostrar toda
a oficina e os métodos empregados na fabricação das armas.
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Encomenda? Entra na fila... |
Ivan até sondou o armeiro sobre a possibilidade de comprar outra
espada (ele já tinha comprado uma em Madaba...). Zeyd riu e disse, “preciso de
pelo menos oito semanas e você vai ter que vir aqui pelo menos umas quatro
vezes pra ajustarmos os detalhes. Além disso, tem que entrar na fila, tenho
umas cinco na sua frente”. Como que vivendo num tempo em que não há necessidade
de pressa ou pronta-entrega, estes artesãos à moda antiga ganham a vida fazendo
armas que ninguém mais usa, num modo de trabalho que é unicamente pautado pela
construção da sua arte. Que bom que ainda existam admiradores que permitem sua
existência.
Pra comemorar os vinte dias maravilhoso que passamos com a minha mãe
entre Israel e Jordânia, fizemos um belíssimo jantar de despedida no
restaurante mais caro da cidade. Depois de uma comida divina regada a um bom
vinho local, pedimos um taxi e o maitre não conseguiu conter a gargalhada quando
demos o endereço do hotel (que nós carinhosamente apelidamos de “cafofo da Av.
Rio Branco”) e não tinha nada a ver com o perfil de frequentadores de um
ambiente tão chique.
E essa é uma das nossas máximas da nossa viagem:
economizar na hospedagem pra gastar tudo o que tem (e o que não tem) na comida.
Já com uma pontada de saudade, nos despedimos da minha mãe que a gente já sabia
que era uma das melhores companheiras de viagem mas não tinha ideia de que se
revelaria uma excelente mochileira – mais em Percepções: Minha Mãe Mochileira.
Um comentário:
Amores!
Que delícia de viagem...
Esse peste me assustou também...Eita menino atentado...
Foto linda de mãe e filha na tenda... e me emocionei ao final, com a despedida...
Alcancei vocês, hehehehe
Beijossssssss
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