Desde que conheci o Ivan, quando ainda éramos apenas “colegas de
trabalho” (como ele odiava que eu nos chamasse), ele me falava do seu sonho de
escalar o acampamento base do Everest. Naquela época, ainda sem muita precisão
do grau de teimosia e determinação deste ser humano, eu achava que era um
desses tipos de frases para impressionar, que exigem um feito grandioso em
algum cenário distante no imaginário.
Não era. Nos últimos seis anos essa conversa vinha e voltava e eu,
com alguma cautela, tentava carinhosamente dissuadi-lo desta ideia. Pois bem, o
tempo foi passando e quando finalmente fizemos nosso roteiro dessa viagem ao
redor do mundo é claro que ele incluiu esse pequenino país comprimido entre a
China e a India e decretou: “se vamos pro Nepal, temos que fazer uma trilha no
Himalaia!”.
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Uma criança feliz. |
Dessa forma o Nepal entrou em nossa programação e hoje, depois de
ter passado por todos os percalços e alegrias que envolvem uma experiência como
essa, eu o agradeço imensamente por ter insistido e acreditado que, apesar de
nunca ter sido meu sonho, eu também conseguiria ter as forças necessárias para
fazer essa jornada de superação.
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As pessoas que encontramos nas vilas foram um dos maiores presentes nesse jornada. |
No fim, acabamos deixando o Everest para uma futura expedição. Por
condições de tempo e (falta) de planejamento anterior, decidimos percorrer um
caminho que circunda o Parque Nacional do Annapurna, em uma jornada que envolve
menos altitude mas maior extensão.
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As crianças são uma atração à parte. |
Foram dezessete dias de longas e extenuantes caminhadas, algumas de
mais de 20km de montanha, outras em neve fofa em que ganhar dez metros levava
mais de vinte minutos em um total de 211 Km de paisagens incríveis para completar um circuito que envolvia uma passagem por entre as montanhas na incrível altitude de 5416m. Por
recompensa, a realização de um sonho.
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O prêmio! |
Fazer um trekking no Nepal, especialmente este circuito completo em
torno da cadeia de montanhas do Annapurna, foi uma travessia em diversos
aspectos. Travessia de cenários, populações e altitudes. Travessia de espírito,
coragem e superação. Travessia pessoal, física e mental. Travessia em si mesmo,
de dentro pra fora, para chegar a um outro lado que nem a gente conhecia em si.
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Bandeiras budistas e montanha: combinação perfeita. |
A maneira mais genuína que encontramos de compartilhar essas
experiências, sentimentos, superações – travessias enfim – foi colocando aqui,
neste espaço público, o diário que Ivan manteve nos dezessete dias que nos
levaram através do Annapurna Circuit
Trek.
Caderninhos verdes: não vale ler agora (se entender minha letra!) |
Os posts que seguem serão uma transcrição exata do conteúdo de dois
Moleskines verdes que nos acompanharam ao longo desta jornada, onde Ivan todas
as noites escrevia. Mantivemos os relatos na primeira pessoa, onde ele escreve de
forma muito intimista suas impressões sobre tudo o que estamos passando – e na
visão dele me sinto plenamente representada.
Permissões para a caminhada nas montanhas, a cada trecho um check-point. |
Expor um diário a público, assim, não é tarefa fácil. Mas mais uma
vez, achamos que a narrativa desta viagem como um todo se constrói a cada
momento com a leitura de todos aqueles que também se identificam com as nossas
buscas, anseios, limites e superações.
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Esse menino era uma figura! |
Esperamos que gostem da mudança de formato. Sinceramente, achamos
que não há forma mais genuína de contar essa jornada do que na primeira pessoa
do singular (que, como vocês verão, nunca deixa de ser, também, a segunda do
plural). NAMASTÊ!
Um comentário:
Oi, pessoal. Tudo bem? :)
Seu post foi selecionado para a #Viajosfera, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Natalie - Boia
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