Quando ficamos em Dahab, mergulhando no Mar Vermelho, conhecemos uma
instrutora muito legal do Sea Dancer Diving Center. Enquanto ainda estávamos
completamente maravilhados com o mergulho por ali, Marlies nos contou de um
lugar em Borneo na Malásia, chamado Sipadan, que segundo ela era o melhor ponto
de mergulho de todos os tempos. Isso tudo foi no final de dezembro de 2012 e
quase não conseguíamos nos aguentar de ansiedade quando, sete meses depois,
estávamos finalmente chegando nesse paraíso a tanto esperado.
A cidade base para conhecer o arquipélago é Semporna e, uma pena, não
poderia estar mais longe do paraíso. Ela é feinha de dar dó, mal cuidada, com
lixo por todos os cantos e não tem nada, absolutamente nada pra fazer lá -
minto: tem um supermercado grandinho, rá! Mas apesar dos pesares é ainda uma
boa opção para quem está interessado exclusivamente em mergulho, já que as
operadoras oferecem bons pacotes para acomodação.
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Semporna: só pra dormir. |
Outra opção é ficar em alguma das ilhas do arquipélago, o que apesar
de encarecer um pouco pode ser uma boa quando planejado com antecedência - mais
uma vez pelas ofertas que os resorts fazem de mergulho + acomodação +
alimentação.
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O mar e suas cores... |
O destino mais conhecido é a ilha de Mabul, por ter também
alternativas mais econômicas e uma bela praia - mas quando fomos eles estavam
com um problema sério de percevejos ("badbugs"), uma praga que não
escolhe preço em hotel.
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Hotel em palafitas em Semporna. |
Apesar de Semporna ser um lugar de poucos atrativos, mergulhar em Sipadan recompensa qualquer esforço. O problema é que o lugar é tão procurado que o governo malaio restringiu o acesso a 200 mergulhadores/dia e encontrar datas disponíveis já é uma preocupação.
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Ilha de Sipadan e cabine de controle de mergulhadores. |
Acabamos escolhendo a Sipadan Scuba por um motivo muito
prático: eles eram o único centro que ainda tinham licenças disponíveis para as
datas que nós estaríamos lá.
E quando acaba, acabou, sem choro nem
vela. Por isso é importante ter algum planejamento na hora de seguir para
Semporna, de maneira a comprar um pacote que tenha obrigatoriamente pelo menos
um dia de mergulho na ilha mais famosa – o que normalmente é complementado por
dois outros dias em outras ilhas igualmente boas, mas que não são a joia do
lugar.
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O mar movimentado de Semporna. |
Felizmente tivemos uma experiência boa com a Sipadan Scuba, nada a
reclamar. Os equipamentos são bons, alguns bem gastos (como é possível perceber
pela minha roupa de mergulho) mas em geral funcionam bem.
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O casal mergulhador. |
Como a maioria dos
PADI Resorts eles têm um sistema de "locker's" individuais onde você
é responsável pelo seu equipamento que será exclusivo para seu uso enquanto estiver
naquele dive center. O hotel conveniado com eles também é bem legal, com
quartos pequenos mas de padrão internacional, internet wifi OK e serviço
atencioso.
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Como diz a Gabi: "eu mergulho pra ver peixinhos coloridos!" |
Ahhhh e o que falar dos mergulhos? É difícil descrever tanta
diversidade, tanta riqueza, tanta vida marinha e tanta visibilidade num só
lugar - vai parecer história de pescador mas juramos que é tudo verdade. Para quem
já ouviu falar sobre o lugar, o que podemos dizer é que é mais, muito mais.
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Que água é essa? |
Nosso primeiro mergulho foi já de cara na ilha de Sipadan, onde fica o
Barracuda Point, o melhor ponto de mergulho do mundo segundo a CNN Travel
(2012). Essa pequena ilha oceânica é riquíssima em nutrientes e suas correntes
atraem todos os tipos de peixe, desde os mais coloridos e pequeninos até os
enormes giant bumphead parrot fish –
uns bichões que parecem umas “vacas do mar” e ficam em bando pastando pelos
corais.
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Barracuda Point. |
A grande atração ali são os tubarões de recife, em especial os de
ponta branca e negra, além do cinzento (grey
reef shark).
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Mergulhadores e um tubarãozinho. |
Em um determinado ponto do mergulho estávamos cercados por
cinco tubarões que apesar de não chegarem a mais do que 1,5m estavam todos
descansando tranquilamente no chão de areia.
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Tubarão! |
As tartarugas impressionam não apenas pela quantidade (chega a cansar
de tanta tartaruga que se vê dormindo, nadando ao lado ou nas cleaning stations) mas também pelo tanto
que são amigáveis.
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Tartaruguita nem aí pra gente... |
Normalmente elas ficam ali paradonas olhando o que você,
bicho-estranho-não-aquático, vai fazer com aquela parafernália toda e só
resolvem se mexer quando as bolhas do ar comprimido saem fazendo um barulhão.
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Cleaning station. |
Para nós dois uma das experiências mais bacanas foi mergulhar no meio
do cardume gigante de jackfish que
simplesmente te “fagocitavam” quando você resolvia entrar ali no meio.
Os
trevalis gigantes caçam incessantemente no meio do cardume e de vez em quando é
possível escutar um “croque” de alguém sendo devorado por estes predadores que
lembram um atum.
Observar um cardume de barracudas chevron
de pelo menos 1,2m de comprimento é um deleite para os olhos, num balé
tranquilo que quase não combina com os dentes afiados e a cara de mau desses
peixes. Poder aproveitar esse espetáculo com calma e de diversos ângulos é uma
oportunidade única numa dimensão que só é possível ali.
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Cardume de barracudas. |
Durante todo o mergulho fica claro porque este lugar é tido como um
dos melhores pontos do mundo. A diversidade de vida marinha e a quantidade de
animais que convivem naquele pequeno espaço de mar é inacreditável.
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Incrível, não? |
Uma
correnteza leve torna a experiência mais efêmera quando fica difícil saber pra
onde olhar com tanta coisa linda passando: uns vinte giant bumphead parrot fish, um cardume imenso de jackfish, alguns tubarões de ponta
branca, peixinhos coloridos de todos os tipos, duas tartarugas dormindo, mais
pra frente o cardume de barracudas, outros tubarões de ponta negra, mais
tartarugas e por aí vai. Tudo ao mesmo tempo agora.
Um dos pontos que mais gostamos foi a Turtle Tomb, pela charmosa abertura (nem chega a ser uma caverna)
que é possível entrar logo no início da descida, além de um paredão que se
estende por todo o percurso.
O nome, um tanto quanto mórbido para as pobres
tartarugas, resulta pela quantidade de formações ocas intricadas no meio dos
corais que criam uma espécie de labirinto onde algumas delas se perdem e não
conseguem subir a superfície para respirar e acabam morrendo no local.
Para quem gosta de mergulhar, Sipadan e pontos ao redor são a pura amostra que esse esporte tem um verdadeiro paraíso na terra (ou no mar...).
Apesar de Borneo ser muito longe do Brasil, vale muito a pena programar férias no lugar e trazer na bagagem imagens inesquecíveis desse pedaço de vida marinha sem igual.
PS: Temos muitas fotos e muitos vídeos que compartilhamos com prazer com quem tive interesse. Deixe um comentário que entramos em contato!