Bira foi nosso destino final em dois
sentidos. A ponta sul do arquipélago de Sulawesi foi o fim de nossa incursão
por essa parte tão desconhecida da Indonésia e também a despedida de Celina e
Gambi (pais da Gabi) nessa visita especial no fim da nossa viagem.
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E que cor de mar é essa? |
De lá, a
contragosto pegaríamos um avião para a ilha de Bali, onde esperaríamos por mais
cinco dias para tomar outro voo com destino ao nosso último país do Sudeste
Asiático: as Filipinas. Seguiríamos a contragosto para Bali pois a ideia
original era usar um ferry boat que sai de Bira com destino à ilha de Flores,
ao sul, e conseguir mergulhar em Komodo.
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Mergulhos sensacionais! |
Porém, em época de fim Ramadã não
conseguimos as passagens a tempo e perdemos a oportunidade. Ficou aí, a deixa
pra voltarmos em outra oportunidade para a Indonésia.
Bira é o extremo sul da ilha, uma
cidadela perdida de frente para um mar transparente e cheio de vida, com praias
de areia branca e gente tranquila. As opções de hotel ou pousadas são bastante
precárias – nem querendo gastar muito se consegue um hotel com um pouco mais de
luxo. E essa foi a melhor maneira de darmos adeus a essa parte da Indonésia que
em sua simplicidade, conseguiu quatro fãs incondicionais.
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Fundo do mar lindo. |
A falta de estrutura deu um charme a
mais para a curta estadia de quatro dias que passamos por lá. Ficamos alojados
na pousada Sunshine, uma casa no alto do morro com vista para o mar, seis
quartos bem básicos e dois banheiros coletivos.
Toda essa simplicidade era
complementada pelos três bares/restaurantes da vila que invariavelmente
ofereciam as mesmas especialidades indonésias que já estávamos acostumados: Mee
Goreng ou Nasi Goreng – arroz frito ou macarrão frito.
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Gabi na porta do nosso restaurante/bar de todo dia... |
O grande atrativo do povoado é o mar
transparente e cheio de corais, tartarugas e tubarões. No entanto, a praia da
vila em si não é a mais atraente. Os nativos são unânimes em indicar a praia a
mais ou menos três quilómetros do centro para os turistas ávidos por areia
branca, a palmeira ocasional e o mar tranquilo, azul da cor do céu.
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Praia deserta é por aqui! |
Com muita
sorte, a caminhada de volta da praia, no fim do dia, pode trazer uma família de
macacos proboscis (aquele do narigão!) para animar o esforço do retorno.
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Pescador encarando o sol em grande estilo. |
Caso andar por estradas de terra por
longas distâncias não seja a sua praia, alugar uma lambreta é a saída. Em
qualquer pousada ou mesmo nos restaurantes é possível alugar scooters
automáticas e sair descobrindo praias desertas.
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A praia das embarcações tradicionais. |
Foi exatamente o que fizemos.
De posse das turbinadas motocicletas seguimos para a praia de Timur, lugar
conhecido na região pelas construções de barcos artesanais. A imensa praia de
areia branca e mar azul-esverdeado realmente é incrível, mas prepare-se para
nenhuma infraestrutura. Assim que chegamos lá, o sol castigava tanto que
ficamos boas horas procurando uma sombra.
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A vida é dura no paraíso tropical. |
Foi nessa praia que encontramos um
grupo de garotos brincando e fazendo “pose de mal” para cada clique da máquina
fotográfica.
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A gang da praia! |
Sem nenhuma possibilidade de comunicação pela língua, entramos num
acordo entre mímicas e desenhos na areia. Ao mostrarmos pelo mapa, desenhado,
que éramos do Brasil, a língua do futebol passou a vigorar.
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O velho truque de desenhar o mapa-mundi e apontar! |
Era uma velha
conhecida nossa, afinal o mundo inteiro reconhece a terra verde e amarela como
Ronaldo-land. Foi um momento de muita bagunça e troca genuína entre pessoas que
vivem do outro lado do mundo, como foi comprovado pelos desenhos na areia.
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Algazarra. |
Gambi, Gabi e eu ainda aproveitamos
o mar paradisíaco para mergulhar com a escola Bira Divers. Em um dos pontos que
descemos o mergulho se mostrou uma jornada alucinante de correnteza forte, com
visibilidade de incríveis 50 metros!
Apesar da vida marinha não se
comparar a outros pontos que mergulhamos na região, Bira não decepciona no
quesito divertimento.
Foi o mergulho de correnteza mais forte que já fizemos,
verdadeira montanha russa! De quebra, ainda vimos alguns tubarões, tartarugas,
moreias e vários peixinhos de coral.
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Peixe-Gabi. |
Pra quem não gosta de mergulhar vale
a pena contratar um barqueiro na praia da vila para passar o dia de praia em
praia, com nadadeiras, máscara e snorkel nos corais rasos (1,5 a 2m), repletos
de peixinhos coloridos e um mar que alucina de tão transparente.
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Yatch particular! |
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Corais rasos, fáceis de explorar. |
Bira pode ser considerada a pequena
vila que fez dessa parte de nossa viagem as “férias dentro das férias”: um
lugar tranquilo, cheio de calma, mas que guarda paisagens perfeitas dignas de
cartão postal. Dentro e fora d’água.