![]() |
Difícil é carregar a mala... |
Existem
muitas formas diferentes de se preparar para uma viagem de volta ao mundo.
Porém, independentemente de quanto se queira gastar ou como realizar essa
travessia, uma viagem destas proporções passa necessariamente por 1)
cálculo financeiro; 2) precauções com a saúde; 3) materiais para execução da
viagem e; 4) logística de transporte. Na internet é possível encontrar diversas
referências de pessoa que já fizeram este tipo de viagem e, aqui, vamos contar
especificamente como arquitetamos a nossa, vamos lá:
1) Finanças
Muitas
pessoas, assim como nós, imaginam que uma viagem dessas proporções está fora do
alcance dos não milionários. Por levar tanto tempo, é quase impossível não
largar o emprego e viajar sem a perspectiva de receita futura para cobrir seus
gastos pode ser apavorante. Calma, com alguma preparação e certa dose de
ousadia, é possível viajar sim! Algumas pessoas vendem seus carros e caem na
estrada. Com algumas boas escolhas e certa disciplina, é possível realizar esse
sonho.
Primeiramente
é importante ter uma ideia do quanto se pode gastar para escolher onde se pode
ir. Não dá pra passar um ano na Europa com as mesmas economias que se gastaria
no Sri Lanka ou no Camboja.
Pensando
nos fatores limitantes dessa equação, traçamos nosso roteiro por países que
são, dentro de uma escala arbitrária nossa, de médio a bastante acessíveis,
além de muito atraentes para o nosso gosto por aventura. Assim, mesclamos
países onde o custo estimado por pessoa por dia seria entre U$80,00 (o mais
caro) e U$30,00 (o mais barato) pra todas as despesas diárias. Dessa forma,
pudemos calcular a previsão dos custos da viagem toda e começar nossa poupança
rumo à conquista desse sonho.
Também
é importante dizer que economizar o valor total antes de fazer uma viagem
destas proporções pode ser bastante prudente. Ao invés de usar um dinheirinho
que já tínhamos poupado, optamos por adiar a viagem o tempo necessário para que
pudéssemos juntar o valor que iríamos gastar na mesma, sem consumir nossas
economias. Isto exige muita paciência e algumas restrições no dia a dia mas
certamente dá mais segurança com relação aos imprevistos e tempo para se
restabelecer na volta - o que demanda algum investimento inicial que precisa
ser computado.
Há
muita informação disponibilizada na internet por mochileiros, inclusive
contadores que explicam como economizar no dia-a-dia e organizar suas contas
para juntar essa grana e cair no mundo. Há também planilhas para download que
ajudam a organizar a estimativa de quanto custará a viagem. Nós estamos usando
uma que adaptamos do blog de uma contadora americana. Prometemos deixar a nossa
disponível no fim da viagem.
Resumindo:
trace um roteiro, pesquise o custo por dia de viagem nos lugares e veja onde dá
pra apertar o cinto. As vezes vale a pena dividir quarto com outras pessoas em
um albergue para juntar o dinheiro suficiente para voar de balão, é uma questão
de escolha. Depois, comece uma poupança e deixe seus sonhos de viagem te
ajudarem a segurar no dia a dia pra alcançar esse objetivo. Nós, depois de
quatro anos perseguindo metas mensais de economia, conseguimos juntar o
suficiente para ir com segurança.
2) Saúde
Ninguém
quer ficar doente no meio de uma viagem dessas, não é mesmo? Para que isso não
aconteça, é sempre bom tomarmos as devidas precauções antes de embarcar.
Podemos dizer que nunca visitamos tantos médicos e tomamos tantas vacinas como
nas semanas que antecederam nossa partida.
Para
começo de conversa a vacina de febre amarela é obrigatória em muitos lugares do
mundo. Na prática você nem embarca se não tiver a caderneta amarela da Anvisa
carimbada para viagens internacionais. Além da febre amarela, é importante
checar as doenças endêmicas evitáveis através de vacinas dos países que se quer
visitar.
Dentro
do nosso roteiro, são várias as precauções, inclusive contra a temível malária.
Nossa dica aqui é consultar um especialista. Sim, existe uma especialidade da
medicina para orientar viajantes que queiram, como nós, sair por aí. É a
medicina do viajante. Alguns lugares em São Paulo disponibilizam esses serviço
com a consulta sendo muito bem paga, como o Hospital Sírio Libanês e o
Laboratório Fleury. O que pouca gente sabe é que o Hospital Emílio Ribas também
conta com o serviço há 12 anos (!!!) e além de disponibilizar um infectologista
especializado nas doenças típicas de viajantes para aconselhamento também
aplica algumas vacinas, tudo de graça. Altamente recomendado!
Além
das precauções anteriores, achamos interessante ter a segurança de que nada nos
faltaria no caso de uma emergência no meio do percurso. Foi aí que entrou a
Friends in the World que, entusiasmada com nossos planos, resolveu nos
patrocinar com um seguro viagem de um ano, cobrindo qualquer eventualidade que
possa nos ocorrer. O seguro pode evitar muita dor de cabeça, pois os custos com
saúde podem ser exorbitantes e torrar suas economias, fazendo com que você
volte mais cedo pra casa.
Outra
questão importante a ser lembrada é o transporte de remédios. Ainda achamos um
pouco exagerada a quantidade de medicamentos que estamos trazendo, porém,
quando se pensa em 10 meses de viagem, não dá pra carregar uma cartela de
aspirina. Lembre-se que o suprimento de seus remédios diários devem durar o
tempo todo da viagem. Além disso, tente conseguir todas as receitas médicas de
tudo que vai levar além de mantê-los em suas caixas originais. Ninguém quer ser
confundido com traficante e ter de explicar isso em uma língua que não a sua,
né?
3) Equipamentos
Quando
se pensa em volta ao mundo, logo imaginamos uma mochila nas costas e roupas que
se usa mais de uma vez. É verdade, mas isso vai depender inteiramente do seu
estilo de viagem e pra onde se quer ir. Há muita discussão sobre quanto de
roupa e o que levar, se mala com rodinhas ou mochila, se vale a pena carregar
barraca e saco de dormir, enfim, debate interminável.
Na
página ao lado, colocaremos uma lista de tudo que estamos carregando, mas mais
importante que isso é fazer uma boa pesquisa e cotar tudo antes de sair
comprando. Em grandes centros no Brasil existem muitas lojas
especializadas em material de camping, viagem e mochilões. O grande problema é
que todo esse material normalmente é importado, chegando a custar o triplo ou
mais que os vendidos em seus países de origem.
Se
você é adepto à mochila nas costas, acampamentos e equipamentos de camping a
Inglaterra é o lugar pra comprar todas essas coisas. Vale a pena importunar
aquela tia que foi pra Europa pra trazer esse material. Os Estados Unidos e a
África do Sul, esta última mais cara, também são boas opções.
Nós
decidimos trazer duas mochilas não muito grandes (65 e 55 litros) e poucas
roupas (3 trocas intercambiáveis), porém inteligentes: camisetas com tecnologia
de repelente, secagem rápida e super confortáveis; calças que viram bermudas;
bota/tênis (muito importante!!!) que fossem muito confortáveis e já amaciados
no Brasil, e por aí vai. A regra de ouro do mochileiro é quanto menos melhor,
afinal, quem carrega tudo é você mesmo. Além disso, sempre dá pra comprar uma
camiseta aqui ou ali. Nossas malas pesaram 15 e 11 Kg no aeroporto. A ideia é
que voltem mais vazias. Tente economizar no tamanho de itens de banheiro:
desodorante e shampoo também são usados fora do nosso país...
Nós
optamos por trazer conosco um saco de dormir pra cada um já pensando na
possibilidade de acampamento e albergues que não disponibilizam roupas de cama.
Gabi optou por um tênis de trekking, por achá-lo mais confortável e prático. Já
eu, optei por uma bota leve para suportar melhor longas caminhadas e evitar torções.
Para economizarmos no volume de roupas de frio, compramos segundas peles, que
fazem pouco volume e te esquentam pra valer em situações mais extremas. Além
disso, nossas blusas leves são os forros de um casaco mais pesado que também é
corta-vento e impermeável. As combinações não são as mais bonitas mas
garantimos que ninguém vai passar frio ou ser pego despreparado!
4) Passagens aéreas
Mais
uma vez aqui vale uma pesquisa muito intensa. A discussão entre comprar trecho
a trecho ou apostar em uma passagem de volta ao mundo é outro fetiche dos
fóruns de viajantes. Há quem defenda cada um dos lados com ferocidade. Nós,
depois de muito estudar e refletir acabamos por decidir por não comprar o
ticket de volta ao mundo e tentar fazer o máximo de trajetos por terra ou por
companhias low cost, tentando aproveitar promoções.
A
verdade é que isso dependerá muito do roteiro e de quantas paradas se quer
fazer do começo ao fim da viagem. Esse tipo de tarifa para volta ao mundo que
as alianças aéreas oferecem tem um preço bom se comparado à compra separada de
cada trecho mas, ao mesmo tempo, te obrigam a decidir onde e quando ir, já
marcar esses bilhetes antecipadamente, além de impor uma série de regrinhas
que, no nosso caso, acabariam alterando por demais nossa ideia original. No
fim, como disse, optamos por seguir sem os trechos futuros. Mas...
5) Vistos
Muitos
países requerem um visto de entrada e para isso é necessário consultar suas
respectivas embaixadas em Brasília. Para alguns, no entanto, nosso país tem
acordos de cooperação que isentam o cidadão brasileiro do visto, e é aí que
mora a armadilha para o viajante sem rumo. Ao isentar o brasileiro de visto de
entrada, muitos países requerem uma comprovação de saída, o que pode dificultar
as coisas quando não se sabe quanto tempo se quer ficar naquele país, ainda que
respeitado o tempo limite de permanência turística. É bom ter isso previsto
para comprar de antemão uma passagem de saída. O constrangimento pode ser tão
grande que a cia aérea pode negar o embarque. Dentro do nosso roteiro África do
Sul e Israel são os únicos que não requerem visto.
Outra
questão é o tempo de pedido dos vistos. Alguns países dão um tempo de validade
para entrar em seu território após a emissão dos mesmos. Assim, em uma viagem
longa como a nossa é necessário programar paradas para o pedido e espera da
emissão das permissões de entrada.
6)
Especial Mulheres
Numa
viagem de volta ao mundo não é preciso de muita sensibilidade para perceber que
as mulheres têm alguns desafios adicionais. Não estamos falando aqui de
quantidade e tipo de roupas, tamanho de mala, produtos de beleza, etc - até
porque aquelas que topam este tipo de aventura já devem ser muito bem
resolvidas nestas questões. De toda forma eu, mulher que sou, me deparei com
algumas questões que achei interessante compartilhar.
-
Cabelo: cortei meu cabelo bem curtinho, daqueles que não dá nem pra fazer um
rabicó. Foi a MELHOR coisa que eu fiz. É extremamente prático, precisa de
pouquíssimo shampoo e pra pra secar é só passar uma toalha e pronto. Quando se
pensa na dinâmica da viagem (albergues, quartos e banheiros compartilhados,
higiene, etc) um cabelo curtinho que não dá trabalho é uma mão na roda.
- Remédios e Vacinas: se tomar pílula anticoncepcional, não esqueça de
levar tudo dentro da caixa original com bula junto com a receita do seu médico
dizendo que vc toma regularmente - o que vale para qualquer outro remédio
diário. Vale também dar uma olhada na vacina para HPV, pensando nas toalhas e
roupas de cama nem sempre super higiênicas disponíveis em albergues.
- OI GIRL: quem me deu a dica foi a queridíssima
Marlene (meu sempre obrigada!) e eu vou tentar explicar da maneira mais
objetiva possível: é um artefato para mulheres fazerem xixi de pé. Sim, isso
existe, é rosa pink, funciona muito bem, vem numa embalagem super bonitinha e
discreta e é uma das coisas mais úteis já inventadas. Imaginem as seguintes
situações: a) ônibus fuleira que não pára durante 10 horas de viagem; b)
barraca no pé do Himalaia, aquele frio desesperador sem a menor perspectiva de
banheiro; c) banheiro que dá vontade de chorar; d) sem banheiro, at all. Voilá,
OiGirl vira seu melhor amigo.
- Lenços Umedecidos:
basicamente dá pra fazer tudo com eles e, principalmente em momentos de tensão
por racionamento de água (leia-se: falta de banho) podem dar uma boa resolvida
na situação. Teoricamente também são fáceis de encontrar em qualquer lugar e
por serem feitos para bebê ajudam a não irritar a pele caso o uso tenha que ser
constante.
![]() |
5 comentários:
oieee, comecei hoje a seguir a viagem de vcs,estou adorando,sou a Paulinha Gambi prima do seu pai Gabi,beijos a vcs e curtam muito esses momentos a final: "o que se leva dessa vida é a vida que se leva"já dizia meu marido,que infelizmente se foi a 3 anos.
Gabi,
Estou fascinada com a determinação de vcs. Muita VONTADE e CORAGEM. Daqui, tô acompanhando e acreditem, viajando também. Aproveitem bastnate! Cheiros.
Wilma Nóbrega das Alagoas.
Oi Gabi, muito legal a maneira como vocês estão dando dicas... Eu já fiz viagens ousadas, mas bastante curtas e acho que mesmo para quem não pretende passar meses viajando seus toques são bem úteis. Quem sabe eu não me animo e faço uma viagem em algum momento? E aí vou escrever um blog sobre viajando em família... pois levaria Marina junto. É mais difícil, não é? Por isso mais uma dica: programar viagens desse tipo antes de ter filhos! Beijos
Eu tenho lido muitos Blogs e sites em geral sobre viagens e esfecificamente sobre volta ao mundo, e o blog ESEFOSSEMOSPARA é um dos melhores que eu encontrei, Parabens.
Com informações de todos os tipos, me sinto mais motivado para partir em uma aventura como essa :)
Que Deus os proteja em cada dia da viagem.
Caracas, estou encantada com vocês!
Postar um comentário